A infância da criança escrava
- lavinicastro
- 12 de out. de 2020
- 2 min de leitura
Nesse feliz dia da criança conte a criança negra o seu valor
Havia uma pseudoliberdade das crianças escravas, de acordo com Cunha (1999, pág. 80), que durava no máximo até uns 5 a 6 anos idade na qual essas crianças começavam a executar algum tipo de tarefa.
Os serviços eram variados, como carregar coisas, levar recados, fazer compras, cuidar dos filhos do dono da fazenda, ajudar na cozinha, servir; não havia a preocupação na educação da criança escrava, mesmo a Constituição de 1824 declarando a obrigatoriedade do ensino. Muito embora os negros nessa condição buscassem aprender a ler e escrever por iniciativas próprias, como nos conta Cunha (1999, pág 81) ao se referir as pesquisas de Pahim Pinto (1987, pág.13), no Quilombo da fazenda Lagoa-Amarela, havia uma escola de ler e escrever.
A situação das crianças escravizadas era muito difícil ficando na fazenda deveriam aos 5 ou 6 anos já começavam a trabalhar e se fossem deixadas na Roda dos Expostos (uma instituição do governo para crianças órfãs) a partir do ano de 1823 eram consideradas livres, se sobrevivessem nos primeiros anos eram encaminhadas a criadeiras que criavam, sabe-se como essas crianças até 7 anos de idade e depois elas eram encmainhadas a famílias adotivas ou os meninos a Marinha e as meninas ao orfanato para trabalharem até seus 14 anos, a partir dessa idade poderiam receber um salário.
Quando foi asssinada a Lei do ventre Livre 1871, a infância da criança ficava limitada à idade de oito anos, a partir dessa idade a criança era entregue ao Estado e o senhor recebia uma indenização, ou o senhor ficava com o menor e usufruía de seu trabalho sem precisar pagar pelo serviço
De acordo com Cunha (1999, pág 84) “em qualquer situação que a criança estivesse, ela não perdia o seu valor de mão de obra”. Nesse sentido mesmo sendo nascida de ventre livre a criança negra continuou desconhecendo a liberdade e qualquer outro aprendizado que não fosse de serviços para os senhores de suas mães escravizadas, ou para o Governo ou para as famílias criadoras de crianças órfãs.
Hoje em dia pensando a dinâmica racial da sociedade brasileira uma criança negra tem uma experiência muito difícil dentro das relações sociais ao não se perceber valor de sua raça (uso esse termo numa perspectiva histórico cultural) cultura e história dentro da escola o que compromete seu interesse naquele espaço de aprendizagem facilitando sua evasão e orgulho de pertencimento.
Nesse sentido projetos que pensem o valor e a autoestima de crianças negras precisam passar por uma reconstrução de narrativas positivas sobre a história da população negra, bem como da valorização sobre o potencial criativo cultural negro, assim como projetos que pensem a estética negra e suas identificações corpóreas para criar vinculo identitário com sua negritude.
Por Lavini Castro Educadora Antirracista
Meste em Relações Étnico Raciais pelo PPRER/CEFET-RJ
Criadoras dos Cursos: Lei 10.639/2003 A Ferramenta do Professor Antirracista e Educação Antirracista na Prática
Referências
CUNHA, Perses Maria Canela da. Da sensala à sala de aula: como o negro chegou à escola. In: Relações raciais e educação: alguns determinantes / Iolanda de Oliveira (coordenadora)...[et al}. - Niteroi: Intertexto, 1999. (Cadernos PENESB, 1)

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