CONSCIÊNCIA NEGRA PRESENTE!
- lavinicastro
- 7 de nov. de 2020
- 2 min de leitura
De acordo com Rosemary de Ross, o Dia Nacional da Consciência Negra homenageia e resgata as raízes do povo afro-brasileiro e é comemorado no Brasil no dia 20 de novembro. Esta data foi restabelecida pelo projeto lei número 10.639, no dia 9 de janeiro de 2003, porque coincide com o dia 20 de novembro de 1695, dia da morte de Zumbi dos Palmares, grande líder da resistência negra e da luta pela liberdade.
Entretanto, em minha pesquisa de mestrado observei que o imaginário dos professores, e o que tem a ver com a realidade comum do espaço escolar a respeito da cultura afro-brasileira, é o fato de se trabalhar a cultura negra somente na semana de consciência negra, como se fosse um tema transversal, muitas vezes próximo da perspectiva folclórica e estereotipada, em nada parece ser uma perspectiva isolada. Os trabalhos escolares se prendem ao aspecto cultural, não avançam em reflexões sobre o racismo estrutural nem exploram a contribuição do negro em outras áreas como, por exemplo, a área política, ou mesmo científica. Dessa forma, apesar da boa intenção de muitos professores, mantemos um pensamento restrito às contribuições do negro em nossa sociedade sem despertarmos reflexões sobre o racismo, exclusões e discriminações que tanto afetam os grupos afro-brasileiros.
Esses comportamentos traduzem um olhar muito comum a respeito de como profissionais da escola veem encarando ao ensino da cultura africana e afro-brasileira, como algo necessário sim, mas em datas específicas, apoiados pela Lei 10.639/03 que determina o dia 20 de novembro como dia da consciência negra. Não podemos esquecer a importância da conquista do dia 20 de novembro, mas precisamos avançar num sentido em que o estudo sobre a diversidade do negro não seja contemplado somente em novembro, o mesmo pensamos sobre a história e cultura indígena em que se concentra importância no mês de abril. Não é uma questão de datas, mas de cotidiano, de se enxergar importância do grupo racial/cultural num contexto mais rotineiro. De acordo com Nilma Lino Gomes, “trabalhar com essas dimensões não significa transformá-las em conteúdos escolares ou temas transversais, mas ter a sensibilidade para perceber como esses processos constituintes da nossa formação humana se manifestam na nossa vida e no próprio cotidiano escolar”. (GOMES, 2005, p.147).
Por Lavini Castro Educadora Antirracista
Mestre em Relações Étnico Raciais

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